PORÍFEROS/ ESPONJAS
Filo
Porifera – As Esponjas
As
esponjas constituem evolutivamente um dos primeiros filos do Reino Animalia.
São animais sedentários, habitantes dos mares com algumas formas de água doce.
No geral as esponjas têm o aspecto de um vaso; podem ser ramificadas,
globulares ou de formas variadas. As esponjas têm um aspecto poroso (o corpo
com muitas aberturas), daí o nome Porifera.
O
esqueleto das esponjas é interno. As esponjas apresentam dois tipos de
esqueletos: o esqueleto mineral (espículas calcáreas e silicosas) e o esqueleto
orgânico (rede de fibras de espongina, uma escleroproteína). As esponjas
possuem coloração verde, amarelo, laranja, vermelha, azul – geralmente usada
como proteção à radiação solar - ou coloração de alerta.
Quando
industrializadas para a produção de esponjas de banho, as esponjas perdem
totalmente o seu esqueleto mineral, sobrando apenas as fibras de espongina.
As
esponjas apresentam simetria radial ou podem ser assimétricas. Possuem dois
folhetos germinativos e não apresentam órgãos diferenciados. As esponjas podem
apresentar três estruturas básicas: Ascon, Sicon, e Leucon.
O
tipo Áscon é a forma mais primitiva dos espongiários, tem forma tubular ou de
um vaso fixo a um substrato. No centro existe uma cavidade chamada de átrio ou
espongiocele.
O
tipo Sícon, também tem um aspecto de um vaso fixo a um substrato. A parede do
corpo aparece com uma série de dobras que formam os canais inalantes externos,
que terminam num fundo cego; e os canais exalantes internos, que desembocam no
átrio.
O
tipo Leucon apresenta uma estrutura mais complexa que a dos dois anteriores.
Neste tipo o átrio é reduzido e as paredes do corpo são bem desenvolvidas.
Nestas esponjas ocorre uma série de canais que desembocam em câmaras vibráteis.
Os canais que partem dos poros externos são denominados de canais inalantes e
os canais que partem dos poros internos (do átrio) são os canais exalantes.
Nas
câmaras vibráteis, os coanócitos vibram a água circundante com seus flagelos,
capturando os alimentos que ali circulam. Os alimentos das esponjas são plânctons
e partículas orgânicas, que circulam pelo átrio, pelos canais ou pelas câmaras
vibráteis, conforme o tipo da esponja. A digestão é intracelular, realizada
principalmente pelos amebócitos, os quais recebem o alimento capturado pelos
coanócitos. Feita a digestão intracelular em cada amebócito, os excretas
eliminados por estes, caem na corrente de água e são eliminados. A respiração
nas esponjas é realizada por cada célula, não existindo um órgão respiratório.
Os
poríferos possuem grande importância ecológica. Servem de alimento para muitas
teias alimentares. Geralmente estão associados com recifes de corais, abrigando
grande diversidade de organismos marinhos. Em algumas unidades de conservação
estes organismos são protegidos por lei, como é o caso do Parque Nacional
Marinho de Fernando de Noronha e Parque Nacional Marinho de Abrolhos, entre
outras áreas naturais
VÍDEOS
CNIDÁRIOS
Os
cnidários são animais invertebrados aquáticos, principalmente marinhos, com
cerca de nove mil espécies. O filo Cnidária (cnidários) está representado pelas
hidras, medusas ou água-vivas, corais e anêmonas-do-mar.
Os
cnidários são os primeiros animais a apresentarem uma cavidade digestiva no
corpo, fato que gerou o nome celenterado, destacando a importância evolutiva
dessa estrutura, que foi mantida nos demais animais. A presença de uma cavidade
digestiva permitiu aos animais ingerirem porções maiores de alimento, pois nela
o alimento pode ser digerido e reduzido a pedaços menores, antes de ser
absorvido pelas células.
Os
cnidários são animais que não possuem órgãos respiratórios, circulatórios,
excretores (ânus) e sistema nervoso bem definido. Em uma das extremidades do
corpo dos celenterados localiza-se a boca, a única abertura do celêntero,
circundada por tentáculos que servem para capturar alimentos. Os cnidários são
carnívoros e nutrem-se de zooplâncton, crustáceos, ovas de peixe e larvas.
No
filo cnidária existem basicamente dois tipos morfológicos de indivíduos: as
medusas, que são natantes e os pólipos, que são sésseis. Eles podem formar
colônias, como é o caso dos corais (colônias sésseis) e das caravelas (colônias
flutuantes).
Os
pólipos e as medusas possuem formas aparentemente muito diferentes entre si,
mas possuem muitas características em comum e que definem o filo.
Nos
cnidários existe um tipo especial de célula denominada cnidócito, que apesar de
ocorrer ao longo de toda a superfície do animal, aparece em maior quantidade
nos tentáculos. Ao ser tocado, o cnidócito lança o nematocisto, estrutura
penetrante que possui um longo filamento através do qual o líquido urticante
contido em seu interior é eliminado. Esse líquido pode provocar sérias
queimaduras no homem. Essas células participam da defesa dos cnidários contra
predadores e também da captura de presas.
Os
tentáculos contêm toxinas encapsulantes, os nematocistos, que paralisam a
presa, levada para o celêntero, esmagada e absorvida pelo corpo. Alguns
celenterados possuem toxinas urticantes, que provocam queimaduras, como as
águas-vivas. A vespa-do-mar (Chironex fleckeri), espécie de medusa, é uma das
poucas letais ao ser humano. Foi a presença do cnidócito que deu o nome ao filo
Cnidaria (que têm cnida = urtiga)
O
corpo dos celenterados varia muito de tamanho, desde espécies quase
microscópicas, como algumas hidromedusas, até a mais de um metro de diâmetro,
como certas anêmonas-do-mar. Algumas águas-vivas chegam a pesar mais de uma
tonelada.
Os
cnidários são os primeiros animais a apresentarem células nervosas (neurônios).
Nesses animais, os neurônios dispõem-se de modo difuso pelo corpo, o que é uma
condição primitiva entre os animais. Os cnidários apresentam movimentos de
contração e de extensão do corpo, além de poderem apresentar deslocamentos.
São, portanto, os primeiros animais a realizarem essas funções.
Paródia
Vídeos
Filo
Platyheminthes
Os
platelmintos são indivíduos de vida livre ou parasitas, e variam quanto ao
tamanho. Existem três classes de platelmintos: os turbelários de vida livre, os
trematódeos que são parasitas externos ou internos, e os cestóides ou tênias
que são parasitas intestinais dos vertebrados.
O
termo "vermes" foi aplicado sem grande precisão para designar os
animais invertebrados sem apêndices. Em determinada altura os zoólogos
consideraram os vermes como um grupo taxonômico de pleno direito. Tal grupo
incluía uma diversificação imensa de formas. Esta associação não natural foi
reclassificada em vários filos. Por tradição, contudo, há zoólogos que se
referem a vários grupos destes animais como vermes planos, vermes redondos,
vermes segmentados, etc.
Os
platelmintos derivaram de um ancestral que possivelmente teria muitas
características de cnidário, incluindo a mesogleia gelatinosa. Apesar disso, a
substituição da mesogleia gelatinosa por uma mesoderme celular foi base para
uma organização mais complexa. Nos platelmintos esta camada é constituída por
células não contrácteis e por células musculares, que permitem o alargamento e
a contractilidade.
Os
platelmintos variam, em tamanho, entre um milímetro, ou menos, e alguns metros.
Incluem indivíduos de vida livre e parasitas, mas os indivíduos de vida livre
são encontrados exclusivamente na classe dos turbelários. Alguns turbelários
são simbióticos ou parasitas, mas a maioria está adaptada aos leitos dos rios,
águas salobras ou águas doces, ou vivem em lugares úmidos terrestres. Muitos,
especialmente as espécies de maior tamanho, são encontrados debaixo das pedras
e outros objetos mais ou menos pesados nas correntes de água doce ou nas zonas
litorais dos oceanos. São realmente poucos os turbelários que vivem na água
doce. As planárias e alguns outros turbelários encontram-se em correntes e
lagos, mas outros preferem flutuar nas correntes de montanha. Algumas espécies
encontram-se em fontes termais.
Os
platelmintos são mais complexos que os celenterados, pois, além da simetria
bilateral, possuem verdadeiros órgãos como, por exemplo, excretores, nervosos,
reprodutores e digestivos e três camadas germinativas: ectoderma, mesoderma e
endoderma. Apesar de apresentarem mesoderma, esta não limita nenhuma cavidade,
sendo então acelomados. Podem reproduzir-se sexuada e assexuadamente.
Frequentemente são hermafroditas. São desprovidos de aparelhos circulatório e
respiratório. O aparelho digestivo quando existente é desprovido de ânus.
https://www.youtube.com/watch?v=URLYUU4-YPU
https://www.youtube.com/watch?v=9I-nSHDms44
https://www.youtube.com/watch?v=9MxI2bMwFNE&feature=related
https://www.youtube.com/watch?v=jZYkwtvT_JM
https://www.youtube.com/watch?v=frFHqlfUzrU
https://www.youtube.com/watch?v=9I-nSHDms44
https://www.youtube.com/watch?v=9MxI2bMwFNE&feature=related
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Nematódeos
Os
nematodos (gr. nematos = fio) ocupam, provavelmente, o segundo lugar, após os
insetos, em número de indivíduos no planeta, estimando-se que apenas 1/5 das
espécies tenham sido descritas até a atualidade.
No
lodo do fundo do mar chegam a coexistir 4 milhões de animais por metro
quadrado, enquanto no solo podem existir 7,5 bilhões por acre.
Talvez
nenhum outro grupo taxonômico seja tão universal em relação ao habitat, sendo
encontrados em qualquer lugar (de vida livre no solo ou na água, parasitas de
tecidos ou líquidos de animais ou plantas).
Algumas
espécies, no entanto, são estranhamente restritas a habitats peculiares, como
grãos de sementes, sangue, seiva, etc.
Estes
animais são vermes não segmentados, de corpo cilíndrico e alongado, que se
afila nas extremidades. Geralmente são de tamanho reduzido, mas alguns
atingem 1 metro de comprimento. Em espécies de vida livre podem existir
pequenas cerdas ou espinhos, que ajudam na locomoção. O sistema digestório é
completo, com boca e ânus terminais.
A
presença de ânus é uma importante evolução em relação aos filos anteriores,
pois evita a mistura de nutrientes e excreções, tornando o processo digestivo e
a absorção mais eficientes.
A
boca é geralmente rodeada por três peças, designadas lábios e pode conter
placas cortantes ou estiletes perfurantes, especialmente em espécies
predadoras.
A
digestão é extracelular, sendo as enzimas hidrolíticas lançadas para o esôfago
e para o intestino. A absorção realiza-se, igualmente, no intestino.
Os
principais órgãos dos sentidos (tacto e químico) localizam-se em papilas na
superfície do corpo. Algumas espécies apresentam ocelos.
A
reprodução é exclusivamente sexuada, sendo a fêmea sempre maior que o
macho. A fecundação é interna. Os ovos produzidos fecundados no oviduto da
fêmea adquirem uma casca dura e são libertados.
No
caso de nematodos parasitas, não é necessário um hospedeiro intermédio para se
completar o ciclo de vida.
Jeca Tatu – A História
Monteiro Lobato
Jeca Tatu era um pobre caboclo que morava no mato, numa casinha de sapé. Vivia na maior pobreza, em companhia da mulher, muito magra e feia e de vários filhinhos pálidos e tristes.
Jeca Tatu passava os dias de cócoras, pitando enormes cigarrões de palha, sem ânimo de fazer coisa nenhuma. Ia ao mato caçar, tirar palmitos, cortar cachos de brejaúva, mas não tinha ideia de plantar um pé de couve atrás da casa. Perto um ribeirão, onde ele pescava de vez em quando uns lambaris e um ou outro bagre. E assim ia vivendo.
Dava pena ver a miséria do casebre. Nem móveis nem roupas, nem nada que significasse comodidade. Um banquinho de três pernas, umas peneiras furadas, a espingardinha de carregar pela boca, muito ordinária, e só.
Todos que passavam por ali murmuravam:
- Que grandíssimo preguiçoso! J
eca Tatu era tão fraco que quando ia lenhar vinha com um feixinho que parecia brincadeira. E vinha arcado, como se estivesse carregando um enorme peso.
- Por que não traz de uma vez um feixe grande? Perguntaram-lhe um dia.
Jeca Tatu coçou a barbicha rala e respondeu:
- Não paga a pena.
Tudo para ele não pagava a pena. Não pagava a pena consertar a casa, nem fazer uma horta, nem plantar arvores de fruta, nem remendar a roupa. Só pagava a pena beber pinga.
- Por que você bebe, Jeca? Diziam-lhe.
- Bebo para esquecer.
- Esquecer o quê?
- Esquecer as desgraças da vida.
E os passantes murmuravam:
- Além de vadio, bêbado...
Jeca possuía muitos alqueires de terra, mas não sabia aproveitá-la. Plantava todos os anos uma rocinha de milho, outra de feijão, uns pés de abóbora e mais nada. Criava em redor da casa um ou outro porquinho e meia dúzia de galinhas. Mas o porco e as aves que cavassem a vida, porque Jeca não lhes dava o que comer. Por esse motivo o porquinho nunca engordava, e as galinhas punham poucos ovos.
Jeca possuía ainda um cachorro, o Brinquinho, magro e sarnento, mas bom companheiro e leal amigo.
Brinquinho vivia cheio de bernes no lombo e muito sofria com isso. Pois apesar dos ganidos do cachorro, Jeca não se lembrava de lhe tirar os bernes. Por quê? Desânimo, preguiça...
As pessoas que viam aquilo franziam o nariz.
- Que criatura imprestável! Não serve nem para tirar berne de cachorro...
Jeca só queria beber pinga e espichar-se ao sol no terreiro. Ali ficava horas, com o cachorrinho rente; cochilando. A vida que rodasse, o mato que crescesse na roça, a casa que caísse. Jeca não queria saber de nada. Trabalhar não era com ele.
Perto morava um italiano já bastante arranjado, mas que ainda assim trabalhava o dia inteiro. Por que Jeca não fazia o mesmo?
Quando lhe perguntavam isso, ele dizia:
- Não paga a pena plantar. A formiga come tudo.
- Mas como é que o seu vizinho italiano não tem formiga no sítio?
- É que ele mata.
- E porque você não faz o mesmo?
Jeca coçava a cabeça, cuspia por entre os dentes e vinha sempre com a mesma história:
- Quá! Não paga a pena...
- Além de preguiçoso, bêbado; e além de bêbado, idiota, era o que todos diziam.
Um dia um doutor portou lá por causa da chuva e espantou-se de tanta miséria. Vendo o caboclo tão amarelo e chucro, resolveu examiná-lo.
- Amigo Jeca, o que você tem é doença.
- Pode ser. Sinto uma canseira sem fim, e dor de cabeça, e uma pontada aqui no peito que responde na cacunda.
- Isso mesmo. Você sofre de anquilostomiase.
- Anqui... o quê?
- Sofre de amarelão, entende? Uma doença que muitos confundem com a maleita.
- Essa tal maleita não é a sezão?
- Isso mesmo. Maleita, sezão, febre palustre ou febre intermitente: tudo é a mesma coisa, está entendendo? A sezão também produz anemia, moleza e esse desânimo do amarelão; mas é diferente. Conhece-se a maleita pelo arrepio, ou calafrio que dá, pois é uma febre que vem sempre em horas certas e com muito suor. O que você tem é outra coisa. É amarelão.
O doutor receitou-se o remédio adequado; depois disse: "E trate de comprar um par de botinas e nunca mais me ande descalço nem beba pinga, ouviu?"
- Ouvi, sim, senhor!
- Pois é isso, rematou o doutor, tomando o chapéu. A chuva passou e vou-me embora. Faça o que mandei, que ficará forte, rijo e rico como o italiano. Na semana que vem estarei de volta.
- Até por lá, seu doutor!
Jeca ficou cismando. Não acreditava muito nas palavras da ciência, mas por fim resolveu comprar os remédios, e também um par de botinas ringideiras.
Nos primeiros dias foi um horror. Ele andava pisando em ovos. Mas acostumou-se, afinal...
Quando o doutor reapareceu, Jeca estava bem melhor, graças ao remédio tomado. O doutor mostrou-lhe com uma lente o que tinha saído das suas tripas.
- Veja, seu Jeca, que bicharia tremenda estava se criando na sua barriga! São os tais anquilostomos, uns bichinhos dos lugares úmidos, que entram pelos pés, vão varando pela carne adentro até alcançarem os intestinos. Chegando lá, grudam-se nas tripas e escangalham com o freguês. Tomando este remédio você bota p'ra fora todos os anquilostomos que tem no corpo. E andando sempre calçado, não deixa que entrem os que estão na terra. Assim fica livre da doença pelo resto da vida. Jeca abriu a boca, maravilhado.
- Os anjos digam amém, seu doutor!
Mas Jeca não podia acreditar numa coisa: que os bichinhos entrassem pelo pé. Ele era "positivo" e dos tais que "só vendo". O doutor resolveu abrir-lhe os olhos. Levou-o a um lugar úmido, atrás da casa, e disse:
- Tire a botina e ande um pouco por aí.
Jeca obedeceu.
- Agora venha cá. Sente-se. Bote o pé em cima do joelho. Assim. Agora examine a pele com esta lente.
Jeca tomou a lente, olhou e percebeu vários vermes pequeninos que já estavam penetrando na sua pele, através dos poros. O pobre homem arregalou os olhos assombrado.
- E não é que é mesmo? Quem "havera" de dizer!...
- Pois é isso, seu Jeca, e daqui por diante não duvide mais do que a ciência disser.
- Nunca mais! Daqui por diante nha ciência está dizendo e Jeca está jurando em cima! T'esconjuro! E pinga, então, nem p'ra remédio...
Tudo o que o doutor disse aconteceu direitinho! Três meses depois ninguém mais conhecia o Jeca.
A preguiça desapareceu. Quando ele agarrava no machado, as árvores tremiam de pavor. Era pan, pan, pan... horas seguidas, e os maiores paus não tinham remédio senão cair.
Jeca, cheio de coragem, botou abaixo um capoeirão para fazer uma roça de três alqueires. E plantou eucaliptos nas terras que não se prestavam para cultura. E consertou todos os buracos da casa. E fez um chiqueiro para os porcos. E um galinheiro para as aves. O homem não parava, vivia a trabalhar com fúria que espantou até o seu vizinho italiano.
- Descanse um pouco, homem! Assim você arrebenta... diziam os passantes.
- Quero ganhar o tempo perdido, respondia ele sem largar do machado. Quero tirar a prosa do "intaliano".
Jeca, que era um medroso, virou valente. Não tinha mais medo de nada, nem de onça! Uma vez, ao entrar no mato, ouviu um miado estranho.
- Onça! Exclamou ele. É onça e eu aqui sem nem uma faca!...
Mas não perdeu a coragem. Esperou a onça, de pé firme. Quando a fera o atacou, ele ferrou-se tamanho murro na cara, que a bicha rolou no chão, tonta. Jeca avançou de novo, agarrou-a pelo pescoço e estrangulou-a
- Conheceu, papuda? Você pensa então que está lidando com algum pinguço opilado? Fique sabendo que tomei remédio do bom e uso botina ringideira...
A companheira da onça, ao ouvir tais palavras, não quis saber de histórias - azulou! Dizem que até hoje está correndo...
Ele, que antigamente só trazia três pauzinhos, carregava agora cada feixe de lenha que metia medo. E carregava-os sorrindo, como se o enorme peso não passasse de brincadeira.
- Amigo Jeca, você arrebenta! Diziam-lhe. Onde se viu carregar tanto pau de uma vez?
- Já não sou aquele de dantes! Isto para mim agora é canja, respondia o caboclo sorrindo.
Quando teve de aumentar a casa, foi a mesma coisa. Derrubou no mato grossas perobas, atorou-as, lavrou-as e trouxe no muque para o terreiro as toras todas. Sozinho!
- Quero mostrar a esta paulama quanto vale um homem que tomou remédio de Nha Ciência, que usa botina cantadeira e não bebe nem um só martelinho de cachaça.
O italiano via aquilo e coçava a cabeça. Se eu não tropicar direito, este diabo me passa na frente, Per Bacco! [...]
Retirado de: http://www.miniweb.com.br/literatura/artigos/jeca_tatu_historia1.html (consultado em 16/08/10, às 14h09min).